Acabei de reler O Hobbit, de J.R.R.Tolkien, já como preparação para o filme, que estreia no próximo dia 14 de dezembro, sob a direção de Peter Jackson, também responsável pela adaptação de O Senhor dos Anéis. Não vou fazer uma resenha do livro, como estava com ideia de fazê-lo, mas apenas comentar algumas pequenas impressões que tive ao relê-lo.
Eu já não era mais criança quando li O Hobbit pela primeira vez, aliás, eu comecei a ler (em geral) bem tarde até, já no início da minha adolescência. Quando criança, já havia lido alguns livros, mas não era uma rotina. Não era um apaixonado pela literatura.
Tolkien foi o principal responsável pelo início dessa paixão. Mas não por O Hobbit. Li O Senhor dos Anéis, já quando do lançamento do primeiro filme, em 2001. Vejam só, eu já tinha 15 anos. Um pouco mais tarde que boa parte das pessoas que hoje são realmente apaixonadas pela leitura. Mas enfim, devorei O Senhor dos Anéis em poucos dias, fiquei maluco com o primeiro filme e com toda a trilogia, embora tenha minhas ressalvas em relação a alguns detalhes da adaptação. (Mas não é disso que quero falar agora).
Devo ter lido O Hobbit por volta dos 15 anos também, foi um pouco depois da obra máxima do Tolkien e lembro que me diverti bastante com a aventura de Bilbo e a comitiva dos anões, liderados por Thorin, Escudo de Carvalho, em busca dos tesouros da linhagem deste último, roubados pelo dragão Smaug, que vive sob a Montanha Solitária. Devo tê-lo relido pouco tempo depois, mas nunca mais desde então.
Já mal me lembrava da história e das pequenas aventuras pelas quais passaram Bilbo e seus companheiros. Já não me lembrava mais de Beorn e das dificuldades que todos eles passaram nas mãos dos orcs. Foi bom relembrar isso, uma sensação boa de nostalgia.
Mas, e espero que eu não receba pedras por isso, me senti um pouco desapontado com a comitiva dos anões. São ótimos personagens, claro. Uma pena até que o livro seja curto para tantos personagens legais. Daria para explorar mais cada um deles, mas isso não é um defeito. Só me senti um pouco desapontado pois na minha cabeça os anões eram mais… hmmm… como dizer?… ativos! Não sei bem se essa é a palavra, mas que seja, por ora.
Durante boa parte do livro, embora possamos nos divertir bastante, eles não entram em ação, de fato. São bravos e corajosos, claro. Não poderiam ser diferentes. Mas lá pela metade do livro, senti que o tempo todo estavam sob o comando de Bilbo. O tempo todo eram acuados e capturados, por orcs, por aranhas gigantes… aí tinham sempre que contar com a inteligência do pequeno Bilbo, figura muito mais indefesa que os bravos anões liderados por Thorin, Escudo de Carvalho.
Também já não me lembrava mais que Smaug não era morto por eles. Na minha cabeça, havia uma longa batalha travada contra o dragão, mas o que há é uma grande ameaça deste a todos da comitiva. E aí, quando sai de dentro da montanha, é morto pelo povo da Cidade do Lago de Esgaroth, mais precisamente pelo arqueiro Bard.
Agora, de uma coisa não tenho dúvidas: passo a confiar mais na adaptação que Peter Jackson fará para a história, tendo ele anunciado que também será uma trilogia. Temo apenas pelo que pode acontecer no segundo filme, já que, imagino, o meio do livro é exatamente a parte menos interessante dele. Quando praticamente o tempo todo os anões estão presos de alguma forma. Talvez seja um filme bem diferente do primeiro e do terceiro, que podem ter muito mais ação e batalhas.
Um bom exemplo disso é o fato de que a Batalha dos Cinco Exércitos é bem curta no livro, assim como outros acontecimentos que passam muito rápidos, diferentemente de O Senhor dos Anéis, onde Tolkien não poupa palavras para descrever tudo minuciosamente. As coisas passam rápidas demais em O Hobbit, o que é bom para manter o nível de adrenalina, sem nos esquecermos que o autor o escreveu para seus filhos. Ou seja, não podia ser uma história muito complexa e nem chata o bastante para fazê-los abandoná-la.
Foi uma ótima releitura e recomendo a todos que gostem do autor, do livro, dos filmes d’O Senhor dos Anéis e estejam ansiosos pela nova adaptação de Peter Jackson (um grande fã de Tolkien), que terá sua primeira parte chegando aos cinemas em menos de um mês.