Sete melhores filmes da Pixar

A Pixar ao longo dos anos realiza produções infantis que conseguem quebrar a barreira de “filme para criança”. Obras como Toy Story, Monstros S.A. e Wall-E, além de encantar os pequenos, não deixam os adultos irritados em ter de acompanhá-los ao cinema; muito pelo contrário, eles até gostam e, na maioria das vezes, aproveitam a diversão até mais que seus acompanhantes mirins.

Por isso, para comemorar o lançamento de Valente (leia a nossa crítica aqui), o Sétima Cena apresenta sete grandes produções do estúdio que revolucionou o jeito de ver e fazer animações, e contribuiu para que  muitos marmanjos saíssem com os olhos vermelhos do cinema. Boa leitura!

Up – Altas Aventuras

Up – Altas Aventuras, filme que conta a história do septuagenário Carl Fredricksen, que, após o falecimento de sua esposa, decide encher sua casa de balões e levá-la até uma floresta da América do Sul para realizar um antigo sonho dela.  O que ele não contava é que nesta jornada também embarcaria um simpático gordinho, que por ser escoteiro mirim, não medirá esforços para ajudá-lo.

Todos os elementos habituais da Pixar estão contidos na produção: o grande apuro técnico na construção das personagens; a preocupação em retratar, mesmo que superficialmente problemas sociais, (rejeição e velhice); trilha sonora emocionante e principalmente a importância da amizade.

Up é repleto de momentos de extrema magia, o principal deles acontece logo no começo do filme, quando se conhece o desenvolvimento da vida de Carl, passando pela sua juventude e velhice, sem que seja preciso nenhum diálogo para isto.

Ratatouille

Remy é um ambicioso ratinho francês que tem o sonho de ser um renomado chefe de cozinha. Ao chegar a Paris, o roedor consegue um emprego num restaurante local e cria uma sopa que é um verdadeiro sucesso entre os clientes. Com a ajuda do divertido e atrapalhado Linguini, do rabugento Skinner e da corajosa Colette, Remy consegue elevar o restaurante Gusteau’s a níveis de excelência.

Para acabar com este cenário festivo, surge o critico gastronômico Anton Ego, de nariz empinado e expressões de desprezo, que fará o posssível para acabar com a reputação do local. Ratatouille é um dos maiores sucessos artísticos da Pixar, que aqui realizou uma animação divertida e profunda, que demonstra, sem clichês, o quanto devemos ser obstinados na busca dos nossos sonhos.

Sem contar que o longa tem uma das cenas mais emocionantes e profundas do cinema: o momento em que o soturno crítico experimenta o prato de ratatouille preparado por Remy e tem um sentimento tão profundo e enternecedor que o faz ser remetido à infância. Uma verdadeira obra de arte.

Wall-E

Outro grande sucesso do estúdio é e o encantador Wall-E, que é ambientado num planeta Terra coberto de lixo e de gases tóxicos que fizeram a humanidade se refugiar para viver em naves especiais que são um verdadeiro antro de sedentarismo.

E é neste cenário inóspito que encontramos o robozinho que dá nome ao filme, que existe única e exclusivamente para compactar este grande lixo existente no planeta e transformá-los em objetos, como prédios e estátuas. A rotina do protagonista é transformada quando uma nave surge trazendo a encantadora robozinha Eve.

Sem precisar de muitos diálogos, a animação consegue fazer uma crítica, sem ser pedante, ao desrespeito com as questões ambientais, ao sedentarismo e à solidão. Um filme divertindo e corajoso, repleto de cenas e referências cinematográficas, como E.T., Star Wars e ao grande Charles Chaplin.

Os Incríveis

Os Incríveis conta a história de uma família de super-heróis que precisa se unir para combater um terrível e enlouquecido vilão, o Síndrome. Esta premissa simples esconde um dos filmes mais envolventes e adultos do estúdio, que aqui toca em feridas, como a crise de meia-idade, o stress no trabalho e as dificuldades de uma relação conjugal.

Essas características, aliadas ao fato da inevitável comparação com  o Quarteto Fantástico, causaram muitas críticas durante o lançamento do filme. A grande verdade é que aqui, novamente, a Pixar impressiona, principalmente pelo roteiro redondo e as cenas de ação dignas das melhores produções de heróis de Hollywood.

Mas o grande mérito de Os Incríveis encontra-se na construção dos personagens, cujos poderes refletem a personalidade de cada um. Temos a força do Sr. Incrível, que além de combater os vilões, precisa aturar um trabalho burocrático; a versatilidade da Mulher-Elástica, que precisa se desdobrar para manter a família unidade; a timidez de Violeta, uma típica adolescente em busca de popularidade e com vergonha de extravasar os sentimentos mais profundos; e a energia do Flecha, um típico menino hiperativo que parece nunca se cansar.

Procurando Nemo

Este é um dos longas mais divertidos e rentáveis da Pixar, que arrecadou mundialmente a bagatela de U$867,9 milhões. No início do filme acompanhamos a história de Merlin, um peixe-palhaço que perde a esposa e as ovas de filhote num ataque no fundo do mar e vive apenas com o seu filho Nemo, que não consegue nadar bem por ter uma nadadeira defeituosa.

Quando Nemo é sequestrado do coral onde vive por um dentista mergulhador que o leva para Sidney, na Austrália, para viver num aquário, Merlin parte, ao lado da divertida Dory, na tentativa de resgatar o seu filho. O maior trunfo de Procurando Nemo está no excelente roteiro, que fala da importância da amizade e da família.

Outro ponto positivo do longa é a construção de personagens divertidos e carismáticos. É impossível não rir com as frases de Dory, que sofre de perda de memória recente e se esquece das coisas logo que elas acontecem. Sem contar Marla, sobrinha do dentista mergulhador, que mata todos os seus peixes chacoalhando-os dentro de um saco plástico, e todas as vezes que entra em cena é acompanhada pela trilha de Psicose; e o divertido tubarão Bruce, que frequenta um grupo de autoajuda, cujo lema é “peixes são amigos, não comida”.  Recentemente, a Pixar anunciou que o longa vai ganhar uma continuação em 2016. (Saiba mais aqui).

Monstros S.A.

Na véspera do Natal de 2001, fui ao cinema para me distrair um pouco. Como nada que estava em cartaz me apeteceu, resolvi, pela primeira vez, ver uma animação na telona, o filme em questão: Monstros S/A. Aquela história focada em dois monstros , Sulley e Mike, que, ao lado de outras criaturas assustadoras, tinham a missão de coletar gritos de crianças para transformar em fontes de energia me cativou desde o começo e, ao final da sessão, tive que, disfarçadamente, enxugar as lágrimas dos olhos.

Depois disso, revi Monstros S.A incontáveis vezes, e é impressionante como a produção ainda se mantém original, divertida e emocionante mesmo após outros grandes lançamentos do estúdio, que, aliás, já preparou uma sequencia da animação para 2013.

Talvez seja pelo excelente roteiro, pelos cativantes e bem construídos personagens, ou quem sabe pelo extinto de proteção que a linda menina Boo exerce em todos, o verdadeiro motivo não importa, só sei que a animação ainda é a minha favorita do estúdio. E a imagem de Sulley, ao final do filme, abrindo a porta do quarto da Boo e ouvindo a sucinta frase “gatinho” merece figurar entre os momentos mais emocionantes do cinema.

Toy Story

Toy Story é o filme de estréia da Pixar e o primeiro longa de animação feito inteiramente por computação gráfica. Apenas essas duas características bastavam para que a produção fosse considerada um dos maiores sucessos do cinema. Mas o que encanta mesmo no longa é o fascínio que ele exerce no público, seja ele formado por pessoas de 8 ou 80 anos.

Quando assistimos às aventuras de Woody e Buzz Lightyear, que, ao lado dos demais brinquedos do menino Andy, farão o impossível para se manter juntos, superando obstáculos e, principalmente, a rivalidade interna para saber quem é o favorito, somos arremessados ao nosso passado e, consequentemente, nos lembramos dos melhores momentos da nossa infância.

A sequência do filme, realizada em 1999, apresentou as mesmas qualidades do longa anterior; serviu para inserir novos personagens divertidos à historia, como a vaqueira Jesse; e demonstrou novos avanços da Pixar no quesito técnico.

Mas foi com o lançamento de Toy Story 3, em 2009, que o estúdio se superou de verdade, faturou mais de US$ 1 bilhão mundialmente e criou uma das melhores trilogias de todos os tempos.  Mesmo que seu desfecho seja de esmigalhar corações.

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Jornalista, fã incondicional de Nick Hornby e coautor do livro inédito Cine Belas Artes: Um Olhar Sobre os Cinemas de Rua de São Paulo. Ainda não viu nada melhor que Asas do Desejo, de Wim Wenders... Mas Beleza Americana chegou perto. e-mail: cristiano@setimacena.com