Crítica: Chernobyl

Seis jovens universitários americanos partem felizes para uma viagem a uma cidadezinha do Leste Europeu. Lá chegando, encontram um guia esquisitão que irá conduzi-los para um passeio trágico. Com certeza, você já viu esta premissa em algum filme de terror por aí. Por isso, não vá ao cinema esperando muita coisa de Chernobyl – Sinta a Radiação, de Bradley Parker, que, além de não acrescentar nada ao gênero, causa constrangimento por contar com uma trama desinteressante e sustos previsíveis.

O cenário desta vez é o município de Pripyat, localizada no norte da Ucrânia, onde viviam os funcionários do reator nuclear de Chernobyl. Após o acidente radiativo ocorrido em 1986, Pripyat se tornou uma cidade fantasma, já que os moradores de lá abandonaram as suas casas praticamente com a roupa do corpo.

E é este desejo mórbido de ver o que sobrou da cidade 25 anos depois do trágico acidente que move os personagens do filme, representados pelos velhos clichês de sempre (o nervosinho, o casal apaixonado, o boa praça…), a praticar turismo por lá. Assim que começam a desbravar as moradias abandonadas, os jovens são recepcionados por um enorme urso. E o que era para ser o primeiro grande susto da plateia não provoca nenhum impacto, já que a condução da cena foi feita de maneira preguiçosa por Parker.

Em seguida, o grupo tem a oportunidade de soltar gritos histéricos com a aparição de cachorros famintos e outras criaturas (que não devem ser citadas para não estragar as poucas surpresas do filme), que surgem para mostrar quem é o dono do pedaço. Tudo isto apresentado de forma desinteressante; com imagens tremidas e escuras que dificultam a compreensão das cenas.

O mais decepcionante de tudo é que o roteiro do filme foi escrito por Oren Peli, que em 2007 dirigiu o ótimo Atividade Paranormal, produção de baixíssimo orçamento que faturou quase 200 milhões de dólares mundialmente apoiada num suspense psicológico. Já em Chernobyl, Peli erra feio, pois a história e os personagens interpretados por atores desconhecidos não provocam empatia alguma e só fazem o público esperar pelas previsíveis e desinteressantes cenas de morte.

Para não dizer que tudo é um desastre em Chernobyl – Sinta a Radiação, na abertura do filme ouvimos a animada Alright, do Superglass, e a duração do filme é de apenas 88 minutos. Se esses dois motivos são suficientes para lhe fazer sair de casa, em pleno inverno, para conferir esta verdadeira bomba letal, go ahead.

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Jornalista, fã incondicional de Nick Hornby e coautor do livro inédito Cine Belas Artes: Um Olhar Sobre os Cinemas de Rua de São Paulo. Ainda não viu nada melhor que Asas do Desejo, de Wim Wenders... Mas Beleza Americana chegou perto. e-mail: cristiano@setimacena.com