Oscar 2013: Philip Seymour Hoffman

magnolia

A trajetória de Philip Seymour Hoffman no cinema se resume há um pouco mais de duas décadas. Um período curto, se considerarmos a longeva carreira que se pode ter em Hollywood, mas tempo bastante para que este verdadeiro camaleão se firmasse como um dos grandes atores da atualidade.

No início da carreira, Hoffman fez pequenas participações em longas protagonizados por astros mais consagrados. Ele integrou o elenco de Perfume de Mulher (1992), como um dos amigos de Chris O’Donnell, mas quem iria reparar em Hoffman num filme que tem uma das grandes interpretações da carreira de Al Pacino? Dois anos depois,  foi escalado para participar do longo independente Indomável – Assim é Minha Vida, protagonizado pelo grande Paul Newman e por Jessica Tandy, mas outra vez ele não teve tempo suficiente para mostrar o seu talento.

As coisas começaram a mudar para Hoffman na segunda metade dos 1990, quando foi escolhido para participar de Jogada de Risco (1996), filme de estreia de um tal diretor chamado Paul Thomas Anderson. A produção recebeu ótimos elogios da crítica e possibilitou que os dois voltassem a trabalhar juntos, no ano seguinte, num longa mais ambicioso, o excelente Boogie Nights.

Mesmo dividindo a tela com um elenco talentoso (destaque para Julianne Moore, Burt Reynolds, John C. Reilly e Willian H. Macy), Hoffman conseguiu com Boogie Nights chamar a atenção da crítica e também de diretores respeitados do cenário independente como os irmãos Coen e Todd Solandz, que os convidaram para participar, respectivamente, de O Grande Lebowski e Felicidade.

A partir daí, o ator passou a participar de produções de grande sucesso, podendo com isto criar um arsenal de personagens interessantes. Hoffman voltou a trabalhar com Thomas Anderson nos longas Magnólia, interpretando um dedicado enfermeiro, e Embriagado de Amor, em que viveu um engraçado e estressado estelionatário; integrou o ótimo elenco de O Talentoso Ripley; e foi uma espécie de conselheiro e deu a primeira chance no jornalismo ao jovem protagonista de Quase Famosos.

capote

Mas foi com a impressionante caracterização do escritor Truman Capote, no drama Capote, de Bennett Miller, que Hoffman conseguiu, pela primeira vez, comover os membros da Academia, que o indicaram ao prêmio de Melhor Ator em 2006, ao lado de Joaquin Phoenix, Heath Leadger, David Strathairn e Terrence Howard. Apesar da forte concorrência e da estreia na premiação americana, Hoffman arrematou a estatueta naquele ano.

Este merecido prêmio permitiu que o ator desse uma parada com as atuações pesadas em longas independentes para viver o vilão da aventura Missão Impossível 3. Em 2007, Hoffman figurou em três dos longas mais elogiados da temporada: A Família Savage, Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto, do genial Sidney Lumet, e Jogo do Poder, pelo qual foi indicado ao Oscar de Coadjuvante em 2008, categoria que voltaria a concorrer no ano seguinte pelo drama Dúvida.

Já com o status de excelente ator garantido, Hoffman se aventurou, em 2010, dirigindo o longa Vejo Você no Próximo Verão. Ainda que o filme não seja lá grandes coisas, Hoffman se demonstrou um diretor sensível e promissor e, atualmente com 45 anos, ainda pode, quem sabe, colher alguns frutos neste quesito no futuro. Enquanto isto não acontece, ele voltou a fazer o que sabe de melhor: encantar a todos com uma excelente atuação em frente às câmeras.

Após outras duas ótimas atuações em O Homem que Mudou o Jogo, nova parceria com Miller, e Tudo Pelo Poder, ambos de 2011, Hoffman retoma a parceria de sucesso com Paul Thomas Anderson em O Mestre, um dos melhores e mais injustiçados filmes deste Oscar 2013. No longa, Hoffman interpreta Lancaster Dodd, carismático líder religioso que, em busca de difundir a sua seita “A Causa”, trava uma fascinante batalha com o personagem de Joaquin Phoenix.

Os dois atores têm atuações primorosas no filme, inclusive, eles dividiram o prêmio de Melhor Interpretação Masculina no último Festival de Veneza. Por isso, não é exagero dizer que Hoffman é um dos favoritos da categoria na qual concorre. Agora, se vai ganhar ou não, isso só saberemos dia 24 de fevereiro na cerimônia do Oscar. Independentemente disto, uma coisa é certa: qualquer filme fica melhor quando Philip Seymour Hoffman está em cena.

mestre

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Jornalista, fã incondicional de Nick Hornby e coautor do livro inédito Cine Belas Artes: Um Olhar Sobre os Cinemas de Rua de São Paulo. Ainda não viu nada melhor que Asas do Desejo, de Wim Wenders... Mas Beleza Americana chegou perto. e-mail: cristiano@setimacena.com