Oscar 2013: Tommy Lee Jones

lee jones lincoln

Os papéis de policiais e a cara fechada de poucos amigos ajudaram a estabelecer uma imagem de rabugento para o ator Tommy Lee Jones. Um rótulo de certa forma justo, já que ele não faz mesmo questão de parecer simpático em entrevistas que concede e, muito menos, nas premiações a que concorre, como pôde ser visto no último Globo de Ouro, no qual estava indicado como Melhor Ator Coadjuvante pela sua ótima interpretação em Lincoln, de Steven Spielberg.

Este mesmo personagem rendeu a quarta indicação ao Oscar da carreira de Jones. As outras três foram como Melhor Ator Coadjuvante em 1992 por JFK – A Pergunta que Não Quer Calar; em 1994, também como coadjuvante, por O Fugitivo, em que faturou a estatueta dourada; e como Melhor Ator, em 2008, por No Vale das Sombras.

Nascido no Texas em 1946, Lee Jones chegou até a trabalhar em campos de petróleo para honrar a tradição do seu estado. Mas isto não durou muito, pois, no fim da década de 1960, ele ingressou na Universidade de Harvard para cursar Literatura Inglesa, onde dividiu o quarto com ex-vice-presidente americano Al Gore.

Sua estreia no cinema aconteceu no meloso Love Story, um grande sucesso de público de 1970. Após fazer pequenas participações em filmes de pouca expressão, Jones integrou o elenco da série As Panteras em 1976 e, até o fim daquela década, dividiu a carreira entre a televisão e o cinema. O primeiro grande papel nas telonas veio na produção O Destino Mudou Sua Vida, na qual interpretava o marido obsessivo de Sissy Spacek (ela inclusive recebeu o Oscar de Melhor Atriz pela atuação).

smiths e jones

A década de 1980 não foi muito boa para carreira de Jones, já que ele só “estrelou” produções desconhecidas e pouco expressivas no cinema e também não obteve grandes papeis na televisão. Os anos 1990, porém, foram fundamentais para ele, período em que Jones parece ter escolhido os papéis minuciosamente. Além das atuações festejados nos já mencionados JFK e o O Fugitivo, apareceu em dramas premiados como O Cliente, Céu Azul e Assassinos por Natureza; encarnou o vilão Duas Caras em Batman Eternamente; e estrelou longas de ação divertidos como Força em Alerta, Contagem Regressiva e, claro, MIB – Homens de Preto.

Na década seguinte, Jones brilhou ao lado de Clint Eastwood e James Garner em Cowboys no Espaço; retomou a parceria com Will Smith em MIIB – Homens de Preto II; e aproveitou para pagar as contas atrasadas em filmes pouco expressivos como Risco Duplo e Regras do Jogo.

Mas foi em 2005 que Jones deu um novo salto na sua carreira dirigindo e protagonizando o ótimo western Três Enterros. Com excelentes elogios da crítica, seu filme de estreia concorreu inclusive à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2005. Jones não faturou o prêmio principal, que acabou nas mãos dos irmãos Dardenne pelo drama A Criança, mas saiu do festival francês com o troféu de Melhor Interpretação Masculina nas mãos.

Os ótimos anos 2000 foram fechados com a sua participação na comédia musical A Última Noite, que ficou marcado por ter sido o último filme da carreira de Robert Altman, que faleceu logo depois de encerrar as filmagens; e com a excelente interpretação do policial de Onde os Fracos Não Têm Vez, dos irmãos Coen.

Esta nova década deve ser, mais uma vez, promissora para a carreira de Jones. Ele esteve ao lado de Ben Affleck, Chris Cooper e Kevin Costner no divertido A Grande Virada (2010), alem de retornar ao universo dos quadrinhos na pele do Coronel Chester Philips em Capitão América (2011). E, somente no ano passado, demonstrou versatilidade em três produções, já que além de Lincoln, ele esteve em Homens de Preto 3 – que desta vez contou com mais um membro no grupo (Josh Brolin) – e formou um divertido casal com Meryl Streep em Um Divã para Dois, no qual até ensaiou uns passos de dança e, para o espanto de muitos, até sorriu simpaticamente.

Para 2013, ele já tem programado o seu retorno à direção com o drama The Homesman, em que também dividirá as telas novamente com Meryl. E deseja fazer muita gente rir com a comédia de Luc Besson Malavita, na qual atuará ao lado de um dos seus principais concorrentes ao Oscar de Coadjuvante de 2013: Robert De Niro.

Atualmente, com 66 anos e ainda demonstrando ser capaz de surpreender a cada atuação, Tommy Lee Jones tem tempo de sobra para ainda inserir outros ótimos personagens ao seu currículo.

lee jone e meryl

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Jornalista, fã incondicional de Nick Hornby e coautor do livro inédito Cine Belas Artes: Um Olhar Sobre os Cinemas de Rua de São Paulo. Ainda não viu nada melhor que Asas do Desejo, de Wim Wenders... Mas Beleza Americana chegou perto. e-mail: cristiano@setimacena.com