Oscar 2013: Steven Spielberg

Longe de ser uma unanimidade, embora seja difícil que exista alguém que não acabe gostando muito de algum (ou de muitos) de seus filmes, Steven Spielberg é, sem a menor sombra de dúvidas, o diretor mais popular de Hollywood. Talvez um dos segredos de seu sucesso seja o fato de que seus filmes caminhem com facilidade pela corda bamba que divide arte e entretenimento. Em geral, o cineasta consegue fazer de filmes que seriam meramente comerciais verdadeiras obras de arte que marcaram a história do cinema, como Tubarão, E.T. – O Extraterrestre, Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida e Jurassic Park, só para citar alguns.

Seu primeiro longa-metragem foi o thriller Encurralado (1971), feito originalmente para a TV, mas que fez tanto sucesso que acabou indo para os cinemas. O filme tem uma trama muito simples, um motorista dirige pelas estradas da Califórnia e começa a ser perseguido por um grande caminhão, que o provoca durante toda a viagem. A tensão é tão bem construída por Spielberg que em nenhum momento vemos o rosto do caminhoneiro, pois não é importante. O vilão é o caminhão. Um monstro que persegue um civil inocente sem qualquer justificativa e faz da vida dele um inferno.

Conseguir transformar um ser inanimado em um personagem com personalidade, é mérito para poucos. Com seu primeiro filme, Spielberg já demonstrava todo o potencial que posteriormente veríamos nos filmes já citados e em outros ao longo de toda a sua carreira. Com Tubarãoo diretor inaugurou o que hoje conhecemos como blockbuster.

Durante as gravações, o tubarão mecânico construído para o filme apresentou diversos problemas e não pôde ser utilizado como era esperado previamente. Mas, como dizem, a necessidade é a mãe das grandes ideias, e como o filme teria de sair de qualquer maneira, Spielberg teve a sacada de mostrar o “animal” o mínimo possível durante o filme, substituindo as cenas em que ele apareceria por outras do ponto de vista do próprio tubarão. Isso, somado à trilha sonora brilhante composta por John Williams, fez com que o filme ficasse muito mais assustador do que se víssemos um tubarão mecânico inverossímil.

O hype em cima do lançamento do filme e do próprio cineasta deu a certeza para Spielberg de que ele seria nomeado ao Oscar em 1976. Tanta certeza, que havia uma equipe filmando sua reação durante o anúncio dos indicados, mas tudo o que ela flagrou foi a decepção do cineasta, que não viu seu trabalho ser reconhecido como Melhor Direção, assim como o longa ficou de fora nas categorias de Roteiro Adaptado e Efeitos Visuais. #chatiado


Mas não demoraria muito para que Spielberg recebesse sua justa indicação ao prêmio da Academia. Em 1978, o cineasta foi indicado pela ficção científica Contatos Imediatos do Terceiro Grau, onde voltou a trabalhar com o ator Richard Dreyfuss, com quem trabalhara em Tubarão. Neste ano, Spielberg concorreu ao Oscar contra seu melhor amigo, George Lucas, indicado por Star Wars, mas ambos perderam para Woody Allen, com sua obra-prima Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, que também faturou o prêmio de Melhor Filme.

E por falar em George Lucas, em 1981, ambos decidiram por realizar um trabalho juntos, com Lucas como produtor e Spielberg como diretor. Nascia aí dos maiores clássicos da história do cinema, Indiana JonesOs Caçadores da Arca Perdida, que também lhe rendeu uma indicação sem prêmios no Oscar, e que  ganharia três continuações posteriormente. Na sequência, o diretor conseguiu com E.T. – O Extraterrestre sua terceira indicação ao prêmio da Academia.

Com ele, Spielberg nos apresentaria mais uma de suas principais características como cineasta: contar histórias com temáticas infantis a partir do ponto de vista das próprias crianças. O longa teve a maior bilheteria da história na época e revelou nomes como Drew Barrymore e Henry Thomas. Ainda dentro do cenário dos filmes infantis, o cineasta fez em 1991, Hook – A Volta do Capitão Gancho, e em 1993, Spielberg repetiria o feito de E.T. com Jurassic Park, e quebraria mais um recorde, fazendo do filme, até então, a maior bilheteria da história. Recentemente, para a alegria de todos, Spielberg voltou a se dedicar a filmes com temática infantil e dirigiu a ótima animação As Aventuras de Tintim: O Segredo de Licorne.

A carreira de Spielberg também é marcada por dramas de cunho político e social. Entre os filmes realizados pelo diretor que circundam essas discussões estão A Cor Púrpura, Império do Sol, A Lista de Schindler, Amistad, Munique e até mesmo o mais recente, Lincoln, pelo qual o cineasta conseguiu sua sétima indicação como diretor ao prêmio da Academia. Spielberg já venceu por A Lista de Schindler, em 1994, e por O Resgate do Soldado Ryan, em 1999.

Será que o cineasta conseguirá vencer na categoria de Melhor Diretor e também emplacará seu filme no prêmio principal da noite? Recentemente, Lincoln foi superado no favoritismo por Argo, de Ben Affleck, que ficou com a maior parte dos prêmios principais da temporada, como o Globo de Ouro, o Bafta e o prêmio do Sindicato dos Produtores. Vamos aguardar!

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Jornalista e crítico de cinema. Coautor do livrorreportagem Cine Belas Artes: Um Olhar Sobre os Cinemas de Rua de São Paulo. Acha O Poderoso Chefão o melhor filme do mundo, mas torce todos os dias para assistir a algum que o supere. Ainda não encontrou, mas continua buscando. E-mail: carlos@setimacena.com // Letterboxd: @CarlosCarvalho